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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Aprendendo a fazer o pêndulo numa escola de rali


O som das pedras castigando a parte inferior de um carro de rali é bem mais alto quando se está no banco do motorista do que quando se assiste uma corrida na TV.

Estou em um Subaru WRX STi preparado para rali com meu instrutor, Forest Duplessis. Ele tem me encorajado a melhorar a coordenação entre a minha frenagem e direção para que eu possa fazer o carro pender à direita para virar à esquerda. Estamos rodando perto de uma gigantesca madeireira abandonada, e é fácil discernir entre as pedras grandes e pequenas enquanto atingem o carro.

Difícil é acertar o tempo desta manobra em particular, chamada de Scandinavian Flick, conhecido por estas bandas como pêndulo.

O Scandinavian Flick é super divertido de se aprender, o que é um dos motivos pelos quais estou na DirtFish Rally School nos arredores de Seattle. A escola tem menos de um ano de idade e é o único lugar nos Estados Unidos onde um João qualquer pode se sentar em um carro de rali, com tração integral e mais de 300 cavalos de potência, para descobrir que ter toda a tecnologia do mundo ao fazer o pêndulo não o impede de errar, caso você não acerte a manobra.

Hoje marca o começo da temporada 2011 do Campeonato Mundial de Rali com o evento inaugural na Suécia. É uma nova era para o WRC, com novos carros e tecnologias a serviço dos pilotos. Há novas regras, novos carros e novas equipes, e está atraindo um interesse recorde para o esporte. As novas regras chamaram muito a atenção dos fãs tradicionais, mas as habilidades necessárias para pilotar os carros não mudaram.

É por isso que estamos na escola de pilotagem.

A DirtFish foi fundada por dois fãs de rali que queriam criar uma escola de pilotagem diferente das que haviam no país. Greg Lund competiu na década de 1980 e esteve envolvido com ralis desde então. Depois de muitos anos competindo e trabalhando nos bastidores, Lund teve a ideia de criar uma espécie de playground onde os pilotos poderiam aprender com segurança as habilidades para guiar em um rali.

“Nossos cursos valem como um passo inicial”, diz Lund. “Nosso curso de três dias permite que você ganhe pontos para obter uma licença para ralis.”

A DirtFish não é a única escola do tipo no país, mas é a única a oferecer a chance de experimentar a potência e tecnologia de um carro de rali moderno. E é o único lugar que oferece o que o piloto Travis Pastrana chamou de “uma grande parque de skate para adultos.”

A escola funciona em uma ex-madeireira a cerca de meia hora à leste de Seattle. Fica em um terreno de 315 acres (127 hectares, 1,27 km²) que inclui uma mistura de superfícies de terra com algumas áreas pavimentadas. Além de alguns espaços abertos onde se pode aprender o básico como frear com o pé esquerdo e equilíbrio do carro, há vários quilômetros de pistas de cascalho, morros e a possibilidade de experimentar praticamente todas as experiências de se estar em um rali.

Aqui você não dirige automóveis básicos ou fracos. Os estudantes aprendem como andar de lado em carros de rali bem equipados, construídos pela Vermont Sports Car, lar do Subaru Rally Team USA. Quatro deles são do modelo WRC STI 2009 com motores de 309 cv. Eles foram modificados com gaiolas de proteção, suspensões e freios de competição .
Para lições mais avançadas, a escola tem ainda quatro Subarus 2007 que foram construídos do zero para as especificações do grupo N e usados ao redor do mundo para o mundial de rali de carros de produção (PWRC), além de campeonatos nacionais. Estes tiveram praticamente todos os equipamentos removidos e receberam uma estrutura reforçada para aumentar a rigidez. Depois recebem a gaiola, motor de competição, freio de mão hidráulico e os freios e suspensão reforçados necessários para correr nos estágios mais massacrantes.


“Você está em um carro do grupo N que cospe fogo”, Lund fala sobre seus carros. “Aqui você não guia um carro de 80 cavalos e tração dianteira.”

Meu instrutor de 25 anos é Forest Duplessis. Ele começou a guiar carros de rali quando tinha 13 anos e aproveitou um breve período como piloto de competição antes de se mudar para o oeste e se tornar instrutor em tempo integral. Seu irmão é um dos melhores pilotos do país e dá aulas na costa leste.

Quanto a mim, estou com dificultadas para acertar o timing do pêndulo. É algo que eu estudei, assistindo diversos vídeos mas, como acontece muitas vezes, é muito mais difícil de fazer na vida real. Duplessis sugere que eu seja mais paciente com o pêndulo para a esquerda.

“Deixe a traseira escapar um pouco mais antes de fazer a curva na outra direção”, diz ele enquanto uma pedra castiga o chão do caro e nós deslizamos de lado e passamos da curva novamente. “E use a transferência de peso para corrigir o subesterço.”

A paciência é recompensada. Depois de algumas curvas em que o carro desliza para a direita e então faz uma curva fechada para a esquerda, sinto que alcancei alguma coisa. Então Duplessis conta que esta técnica em especial já não é mais tão utilizada. Ele parte então para a moderna técnica de trail braking (um tipo delicado de frenagem dentro da curva, diferente do costume de soltar o freio antes de começar a tangência) utilizada atualmente.

Duplessis demonstra isso. Logo fica claro que, com os diferenciais modernos para tração nas quatro rodas, o trail braking é a maneira mais rápida de se atacar uma curva. Então voltei à estaca zero, aprendendo uma nova técnica. Na primeira tentativa atraso a hora de soltar o pedal de freio com o pé esquerdo. Eu deslizo além da curva, de novo. Acontece que nenhuma tecnologia avançada pode me fazer parecer com Juha Kankkunen. Pelo menos por enquanto.
Fonte: Jalopnik

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